Não sei como será amanhã…irá faltar-me a tua mão para segurar a caneta, irão faltar-me os teus olhos para ver a manhã, irá faltar-me a tua boca para tomar o pequeno almoço…irá sempre faltar-me alguma coisa, faltar-me-ás sempre tu.
Faltam-me já as tuas palavras, ainda que ilegíveis, pois as minhas, mesmo legíveis, serão sempre insuficientes e deixarão sempre aquele vazio de quem não sabe usar as palavras, apenas as gasta, eu sem ti serei sempre insuficiente, afinal éramos um, fazias parte de mim, como eu de ti, como sobreviverei sem uma parte de mim? Ou será que mentias quando dizias que éramos um?
Não conseguirei dormir sem te sentir meu, nem consigo imaginar-me a percorrer os dias que ainda me faltam sem saber que estou atrasada e que estás à minha espera, sem saber que te vou ver sorrir, sem saber que me vais cantar ao ouvido, como só tu o fazes e sabes fazer, sem saber…
E agora…onde estás? Estou triste preciso do teu colinho para parar de chorar, lembras-te que prometeste abraçar-me sempre que estivesse triste? Não sinto os teus braços envolverem-me.
Estou à espera que apareças ao longe, por entre as casas por onde te vi desaparecer, estou à espera que me olhes, estou à espera que me sorrias, para então correr para ti e pendurar-me no teu pescoço e dizer-te baixinho, como na primeira vez, “Amo-te miúdo”…só não sei se ainda o quererás ouvir.
“E não digas nada que o silêncio diga melhor”, amor.