Sonhei que era uma princesa linda e brincava como se assim fosse, sorria ingénua e genuinamente, como todas as crianças…sonhei sem restrições, sem medidas e sem muros, até sonhei acordada.
E os anos passaram e os sonhos foram morrendo, nos dias que correm cada vez que choro é porque reparo que ainda não perdi de todo a ingenuidade de menina…e dói muito…tento transferir a dor dando murros na parede, mas dói muito, dói de mais e não chego a sentir a parede no nó dos dedos que embatem contra ela.
Talvez os adultos não sonhem mesmo, como sempre me disse a minha mãe, mas hoje e porque me disseram que eu era uma princesa linda vi nascer em mim a vontade de voltar a sonhar sem restrições, sem medidas e sem muros…não estarei a ser ingénua, novamente?
Não! Recuso-me a acreditar nisso, recusar-me-ei sempre e para sempre a ser uma pessoa adulta que não se lembra de como é bom sorrir, que não sonha, que apenas sabe dizer que os adultos não têm sonhos, porque se assim tivesse de ser eu não iria crescer, não quero crescer nessas circunstâncias, crescer dói muito, dói de mais, muito mais que todos os murros que se possam dar numa parede.