Esta foi uma noite que mesmo antes de chegar já a sabia inesquecível, ou não fosse o que era, a noite do baile, do baile de gala, do nosso baile de finalistas…
Tínhamos feito planos para aquela noite, tinhas pensado em levar uma gravata da cor do meu vestido, para mostrarmos a todos que estávamos em sintonia, tinha-te pedido que me abraçasses a noite toda para disfarçarmos uma escorregadela, caso acontecesse…tínhamos treinado a valsa umas três vezes, iríamos ler, juntos, o discurso de turma, que escreveríamos, também juntos, como o romance, que já intitulávamos de “o nosso romance”, perguntavas quase todas as semanas “Então, amor, quando começamos a escrever o nosso romance?”… acho que apenas perguntavas aquilo para teres alguma coisa que dizer, para quebrar os silêncios que eram já demais.
Estavas lindo, como sempre, mas não tinhas uma gravata da cor do meu vestido, não me abraçaste a noite toda, nem me chegaste a abraçar e pior não éramos já um par, o par que no baile não chegamos a ser e não gastamos tempo a ensaiar a valsa, perdemo-lo porque nunca a dançamos…e o discurso, bem o discurso foi escrito por outra, uma tua amiga que contigo o foi ler.
Quanto ao romance que não chegou a ser nosso porque nunca o chegamos a escrever…é hoje isso mesmo, um plano que existiu…como todos os outros que tínhamos e que morreram quando disseste que acabou, que não querias mais ser comigo.
Desfilamos sozinhos, eu com um sorriso postiço, tu não sei…mas desfilamos sozinhos…não tínhamos par para desfilar, mas magoou-me ver-te dançar a valsa com outra, magoou muito…e se chorei durante o discurso foi porque não olhaste para trás quando me viraste as costas pela última vez destruindo assim todos os nossos projectos, porque o discurso nem o consegui ouvir.
E nunca me chegaste a dizer se eu parecia, realmente, uma princesa como um dia disseste quando me imaginaste de vestido.