Domingo, 29 de Junho de 2008
Tropeço. Caio. Não há uma mão à qual me segurar. Não há ninguém para me perguntar como estou.
Estou só.
Deixo o corpo caído no chão e choro. Deixo a roupa suja com terra e choro. Deixo as coisas espalhadas e choro. Deixo o sonho de sonhar sem cair e choro
Há anos que uma queda não me fazia chorar. Há anos que não me sentia tão sozinha, tão abandonada, tão sem segurança, tão sem equilíbrio, tão desprotegida…tão frágil.
O braço, mais a mão que julgava ter não foram mais que um sonho, uma ilusão. O melhor dos sonhos. O melhor de todos os sonhos já alguma vez sonhados. O melhor sonho que alguma vez sonhei ser capaz de sonhar.
Embala-me outra vez.
Quero sonhar tudo de novo, inconsciente do que conscientemente sei.
Sábado, 21 de Junho de 2008
Aproxima-te. Traz uma caneta, tenho já o papel.
Senta-te ali…ali mesmo, à minha frente, tão perto de mim que me baste esticar o braço para te tocar.
Estica o braço. Dá-me a caneta. Toca-me levemente na mão.
Sorri para mim. Deixa-me desenhar os sonhos que vejo para ti. Deixa-me desenhar o nosso sorriso. Deixa-me desenhar a nossa felicidade. Deixa-me desenhar o que vejo nos teus olhos. Sorri para mim.
Diz-me, Adorável, que queres fazer amanhã? E depois de amanhã? E depois de depois de amanhã? E…
Gosto que me digas em tom de abraço que me adoras. Gosto que me digas em tom de beijo que queres ficar comigo. Gosto que me digas em tom de brincadeirinha com o cabelo que nunca me vais deixar.
Diz-me, Adorável, que sonhos tens para o futuro? Que sonhas para ti? Que sonhas para mim? E para nós?
Toma, escreve tu agora.
Sonho-nos felizes. Sonho-nos sorridentes. Sonho-nos tontos. Sonho-nos embirrentos. Sonho-nos velhinhos a jogar playstation. Sonho-te com essa cara de menino feliz para sempre. Sonho-me a tua princesinha para sempre. Sonho-nos a nós.
Terça-feira, 17 de Junho de 2008
Olha-me de olhos bem abertos.
Põe a língua de fora.
Prende-me a mão.
Faz-me rodopiar.
Pede-me para te ensinar a dançar.
Leva-me ás costas.
Deita-me no chão.
Faz-me cócegas até não ser mais suportável rir tanto.
Rouba todos os dias uma flor à vizinha.
Escreve-me frases amorosas em pacotes de açúcar.
Cobre-me com post-its com frases tontas de amor.
Inventa piadas tolas.
Ri-te, ri-te como eu tanto gosto.
Cola-me aquele sorriso tonto de pessoa apaixonada.
Ama-me outra vez.
Sábado, 14 de Junho de 2008
As pessoas não sabem já amar. Mordem-se em vez de se beijarem. Insultam-se em vez de trocarem juras de amor. Preferem a raiva, a fúria, o ódio ao amor.
Talvez tenham já ouvido falar do poder destrutivo do amor.
As pessoas não sabem já amar. Não vêem a pessoa certa em lado algum, ou então vêem-na em todo ou lado. Não se dão a ninguém, pois só o pretendem fazer à pessoa perfeita, ou dão-se a toda a gente porque o próximo é ainda mais perfeito que o anterior.
Talvez tenham já ouvido falar do poder destrutivo do amor.
As pessoas não sabem já amar. Curam sucessivos maus amores com novos amores. Fogem do amor. Não o vêem na pessoa ao lado porque preferem inventar uma perfeição e, amá-la a ela.
Talvez tenham já ouvido falar do poder destrutivo do amor.
Morrerei lutando pelo que quero.
Morrerei a saber o que é amar.
Morrerei sabendo que te beijei tanto quanto pude.
Morrerei tendo preferido sempre o amor, mesmo sabendo do seu poder destrutivo.
Morrerei depois de me ter dado à pessoa certa, depois de a ter procurado noutros caminhos, depois de me ter tentado dar a outros.
Morrerei depois de me ter dado à pessoa perfeita, pois só a vi em ti.
Morrerei depois de te ter dado tudo o que de melhor consegui.
Morrerei sentindo o poder destrutivo do amor…
Segunda-feira, 9 de Junho de 2008
Caminhou sobre os estilhaços. Feriu os pés, mesmo calçando uns pequenos sapatos de princesa. Saiu do quarto. Trancou a porta. Continuou a caminhar de pés ensanguentados. Teve forças para mandar a chave ao rio.
Não voltaria a abrir aquela porta. Estava decidido. Não voltaria a caminhar sobre aqueles estilhaços. Estava decidido.
Tratou as feridas. Arranjou outros sapatos, cor-de-rosa, da cor dos das princesas do “viveram felizes para sempre”.
Estava na altura de começar a decorar outro quarto. Nada tinha a medida exacta. Nada tinha uma cor suficientemente boa. Nada tinha uma forma ideal. Nenhuma conjugação era agradável.
Desanimada voltou a casa.
Como por milagre a porta estava aberta. A porta estava escancarada.
Não resistiu, teve de espreitar. Lá dentro não havia mais os estilhaços que a magoaram. Estava tudo intacto. Mas não era possível. As marcas das feridas eram visíveis, não tinha sido um sonho mau.
Lá dentro não havia mais os estilhaços que a magoaram. Estava tudo intacto. Lá estava ele...lá estava ele com carinha de menino feliz e despenteado, com cara de menino feliz e cansado após fazer construções de legos durante horas. Estava tudo intacto. Nada tinha sido rasgado. Nada tinha sido partido...estava tudo intacto. Viam-se pequenos fios de cola a brilhar com a luz, mas tudo estava perfeito.
Ele apontou para os novos sapatos cor-de-rosa dela. Ela apontou para o novo olhar feliz dele.
E viveram felizes...
Caminhou sobre os estilhaços. Feriu os pés, mesmo calçando uns pequenos sapatos de princesa. Saiu do quarto. Trancou a porta. Continuou a caminhar de pés ensanguentados. Teve forças para mandar a chave ao rio.
Não voltaria a abrir aquela porta. Estava decidido. Não voltaria a caminhar sobre aqueles estilhaços. Estava decidido.
Tratou as feridas. Arranjou outros sapatos, cor-de-rosa, da cor dos das princesas do “viveram felizes para sempre”.
Estava na altura de começar a decorar outro quarto. Nada tinha a medida exacta. Nada tinha uma cor suficientemente boa. Nada tinha uma forma ideal. Nenhuma conjugação era agradável.
Desanimada voltou a casa.
Como por milagre a porta estava aberta. A porta estava escancarada.
Não resistiu, teve de espreitar. Lá dentro não havia mais os estilhaços que a magoaram. Estava tudo intacto. Mas não era possível. As marcas das feridas eram visíveis, não tinha sido um sonho mau.
Lá dentro não havia mais os estilhaços que a magoaram. Estava tudo intacto. Lá estava ele...lá estava ele com carinha de menino feliz e despenteado, com cara de menino feliz e cansado após fazer construções de legos durante horas. Estava tudo intacto. Nada tinha sido rasgado. Nada tinha sido partido...estava tudo intacto. Viam-se pequenos fios de cola a brilhar com a luz, mas tudo estava perfeito.
Ele apontou para os novos sapatos cor-de-rosa dela. Ela apontou para o novo olhar feliz dele.
E viveram felizes...
Recomeça quantas vezes as necessárias...a cola colará sempre sobre cola.