“Não, Amor, vai sozinho, hoje fico em casa, sinto-me cansada”, respondi-te ao convite que me havias feito para irmos beber um café e aproveitarmos depois o solzinho de Inverno no parque a namorar, ou a ler o jornal, ou ainda a fazer os dois ao mesmo tempo.
Ao ouvir o trinco da porta, que fechaste ao sair, não consegui evitar chorar, era como se tivesses saído para não mais voltares, era como se a minha vida tivesse terminado, pois só contigo me sinto, verdadeiramente, viva. Parece que és tu que me dás vida diariamente, parece que nasço a cada novo dia, e tu não és mais que a causa e a consequência de tal fenómeno.
Quando não te vejo tenho sempre medo de ficar assim, sem ti, a ver as horas e os dias passarem, igual a todas as outras pessoas que por não terem alguém como tu envelhecem. Todos me dizem que o tempo não passa por mim, talvez passe, mas por estar feliz não dou por ele e ele acaba por não me dar importância e, vai-se como veio, sem me incomodar na minha felicidade.
E tu voltas em menos de cinco minutos e, trazes contigo o jornal e, ligas a máquina de café e, eu limpo as lágrimas à pressa e, renasço quando dizes: “Voltei, Amor”.