Demorei a abrir a porta pois já não acreditava que pudesses ser tu, não acreditava que um dia fosses voltar, não acreditava que ainda me quisesses, ainda que quando te vi de olhar triste não soubesse ao certo o que pretendias ou se pretendias algo mais que me lembrar que te amo profundamente e que não eras meu…
Fiz-te sinal para entrares e nem uma palavra ousou soltar-se…sentaste-te no lugar de sempre, ainda que não te sentasses nele à quase dois meses, de pé à tua frente cruzei os braços enquanto esperava uma palavra tua, uma palavra que talvez justificasse a tua presença ou a tua ausência... “Desculpa…desculpa mas não aguento não te ver todos os dias, não aguento não te tocar todos os dias…desculpa” as palavras que usas-te e a forma como não me encaraste soaram-me a uma desculpa de homem, uma daquelas desculpas em que já ninguém cai.
Perguntei-te friamente se tinhas acabado de falar e disse que tinha algumas coisas a fazer e que não podia perder muito tempo com coisas que não interessavam, mas naquele momento tudo o que eu queria era abraçar-te e dizer-te que quase morri de saudades e chorar agarrada ao teu pescoço, chorar de felicidade após tanto tempo a chorar de tristeza…
Sem me olhares nos olhos levantaste-te e preparavas-te para sair, quando, num gesto brusco me abraças e me dizes que me amas e que foi tudo um erro e que queres ficar comigo, porque sem mim as coisas não fazem sentido, dizes que precisas de mim, dos meus miminhos matinais para acordares e para o teu dia correr bem, dizes que precisas de mim sempre a buzinar-te aos ouvidos o que é preciso fazeres, que precisas das nossas brincadeiras tolas que tanto te preenchem….tapei-te a boca, não quis ouvir mais nada, não precisava ouvir mais nada, não precisava das tuas lágrimas para me sentir melhor…conheço-te o suficiente para saber que não mentias.
Não te perguntarei por onde andaste, o que fizeste ou com quem estiveste, nada, não te perguntarei nada…quero-te aqui comigo e se é isso que queres e se me amas isso basta…as outras respostas não mudariam o que sinto por ti nem o que somos juntos.
Na primeira noite mal fechei os olhos…tive medo, medo que fosse um sonho e que quando os abrisse tu não estivesses lá, como não havias estado durante semanas, por favor não voltes a ir de férias sem me levar.
Algumas verdades magoam e parecem transformar outras verdades em mentiras, por isso, não quero saber, não quero saber nada sobre as tuas últimas semanas, só te quero aqui, e por favor abraça-me outra vez, e outra, e outra, e outra…e não mais palavras que isso, a tua presença e saber que me amas a mim bastam para te desculpar, ainda que não tenha nada que desculpar, foram só uma férias, sem nada de mal.
Amo-te e quero-te sempre como agora, comigo e feliz.